quinta-feira, 8 de março de 2012

Turismo: prioridade nacional?











O Turismo confronta-se, hoje, do lado da procura, com um contexto em acentuada mudança, traduzida numa profunda alteração da estrutura demográfica, na emergência de novas motivações e atitudes, a par da sofisticação e alteração de padrões de comportamento do consumidor turístico.

Do lado da oferta, o Turismo está também confrontado com a emergência de novos concorrentes, com movimentos de consolidação empresarial e novos modelos de negócio.

Apesar dos resultados alcançados nos últimos dois anos, a evolução recente do Turismo nacional tem-se traduzido numa estagnação da quota de mercado, tanto a nível europeu como mundial, concomitantemente com taxas médias de crescimento inferiores às dos seus concorrentes, tanto a nível geográfico, como a nível dos produtos turísticos.

Nada sendo alterado, o Turismo assistirá ao agravamento desta tendência de perda de importância na esfera da competitividade mundial.

O que é podemos/devemos, na nossa perspectiva, esperar do turismo português para os próximos anos?

1. O “Turismo é um dos faróis da economia portuguesa", segundo os dados de 2010:
-Receitas Turísticas globais 2010: 7,6 M€
-Peso Turismo na Balança Bens e Serviços : 14,6%
-Peso Turismo na Balança de Serviços : 44,9 %
-Saldo Exportações - Importações : 4,1 M€
-Dormidas em estabelecimentos hoteleiros: 37,5 milhões
-Dormidas de estrangeiros: 23,7 milhões
-Dormidas de nacionais: 13,8 milhões
-Proveitos em estabelecimentos hoteleiros: 1.820,9 M€

Ao longo dos últimos 8 anos, as dormidas de residentes em Portugal cresceram 22,7% tendo-se a Região Centro assumido como uma das regiões que mais cresceram, com cerca de 36,7% (com 2,6 milhões de dormidas) seguida de Lisboa, com 36,2%.

2. Necessitamos por isso de apostas e novas linhas estratégicas sem esquecer a importância de racionalizar meios e custos. De uma nova economia turística para uma nova década assente em três princípios orientadores: valor ao cliente; sustentabilidade e envolvente competitiva.

3. Precisamos de explicar melhor o potencial do País enquanto destino turístico de qualidade e a consequente necessidade de abordar o mercado externo de forma impactante e uníssona (leia-se, conquistar os mercados externos com uma Marca Portugal forte, consistente e bem delineada). A par dos produtos já consolidados, assumirmos uma maior expressão aos programas de turismo sénior; maior expressão ao turismo acessível; maior expressão ao turismo religioso; maior expressão ao turismo de saúde.

Criar nos nossos concidadãos a consciência de que podem contribuir para o desenvolvimento do sector e por essa via, de Portugal.

O cidadão português tem o direito de conseguir fazer férias no seu país (temos que ser competitivos e dar condições às pessoas para que isso seja concretizável), em que os sectores publico e privado devem aliar-se neste projecto turístico português, agora como nunca.

Consolidar o Mercado interno: A melhor ajuda que qualquer português pode dar é “consumir “ Portugal como seu – que é! “Apaixonemo-nos” então por todo o nosso património, pelo nosso clima, pelas nossas paisagens, pela nossa oferta hoteleira e gastronómica e sejamos os primeiros a “vender” aquilo que temos.

Para concretizar estes desafios, de vendermos "bem os nossos produtos", precisamos de ganhar uma nova consciência, novas fileiras de complementaridade para o Turismo, quer para o mercado interno quer para o mercado externo.

4. A par destes pontos anteriores, seremos confrontados inevitavelmente com dez MegaTendências que vão influenciar o Turismo Mundial no Sec. XXI:
- A Crescente Globalização e Localização forçando os agentes de turismo a pensar globalmente, planear regionalmente e agir localmente;
- As Tecnologias e Telecomunicações irão difundir-se e dominar em quase todas as esferas da indústria do turismo no futuro;
- No processo da viagem, será colocado maior ênfase na velocidade, eficiência, segurança e conveniência;
- Cada vez mais os clientes vão "dar cartas" através das tecnologias, inspeccionando Hotéis e outras instalações pela internet;
- A polarização dos gostos do turismo será cada vez mais evolutiva, por exemplo o conforto versus aventura;
- A globalização em todas as suas facetas irá resultar num "mundo do turismo mais próximo";
- O desenvolvimento de produtos para mercados-alvo será dirigida principalmente para um dos três E: entretenimento, emoção e educação;
- Desenvolvimento da imagem do destino, posicionamento e branding vai tornar-se cada vez mais importante no marketing do turismo;
- Os consumidores terão uma importância crescente no desenvolvimento do turismo sustentável e da ética no momento de decidir os destinos turísticos e os equipamentos turísticos que frequentam;
- Intensificação do conflito entre o desejo crescente de viajar e da consequência sócio-ambiental dos consumidores, manifestando-se em vários níveis da industria.

Em conclusão, por ocasião do centenário do Turismo, queremos reafirmar a dimensão da captação de sonhos e emoções que este sector propícia, queremos afirmar a catalização do desenvolvimento económico de uma Região e de um País.

Pedro Machado
Presidente da Região de Turismo do Centro

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