segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O voluntariado morreu!


Não importa a pessoa, o local ou o contexto. Importa aqui, partindo da violência da afirmação, perceber a sua dimensão de verdade, a sua razoabilidade, as razões que eventualmente a possam sustentar e os impactos que dela possam decorrer. Admito que a mesma está longe da verdade, da que me vai chegando através de fontes de informação diversas, mas sobretudo daquela que eu vejo, sinto e participo. O voluntariado não morreu! É aqui que reponho, com o mesmo absolutismo que titula este artigo, a verdade. Pelo menos a minha verdade. Múltiplos e extraordinários exemplos, mostram-nos cidadãos que disponibilizam parte do seu tempo livre para, de forma voluntária, não remunerada e sem qualquer tipo de outro inconfessável objectivo, ajudar os seus concidadãos. E em tantas e tão diversificadas áreas. Desde a área social, no apoio alimentar a famílias carenciadas, aos sem-abrigo, aos toxicodependentes, minorando as escassas reformas e a imensa solidão dos mais velhos, criando espaços de carinho para crianças abandonadas, apoiando jovens que querem mas não têm meios financeiros para estudar, levando palavras de alento e recuperação aos presos… Também na área cultural e desportiva, integrando todo o tipo de colectividades, numa perspectiva de proporcionarem momentos de saudável vivência, nos ranchos folclóricos, nos grupos de música, teatro, dança, nos clubes desportivos, muito particularmente nos escalões jovens, onde uma imensa panóplia de actividades ensinam a melhor viver e conviver. Até na dimensão profissional e empresarial, encontramos gente que liberta parte do seu tempo para defender interesses colectivos, sempre numa perspectiva de promover o desenvolvimento, o emprego, a criação de riqueza. Encontramos também esta dimensão voluntária de participar na causa comum, nas associações cívicas, promotoras de espaços de reflexão e debate, defensoras do equilíbrio social, da qualidade de vida, do ambiente… Também os que voluntariamente participam nas associações de bombeiros, arriscando a sua vida na defesa da vida e dos bens dos outros. E entre tantas áreas de verificável intervenção, também a mal amada política, é tantas vezes um espaço de empenhada e desinteressada participação. Intervindo na gestão das freguesias e das câmaras, nas suas assembleias, nas comissões políticas… Apesar de tudo, admito ser razoável colocar em questão a actual dimensão do voluntariado. Diz-se que são cada vez menos os que estão disponíveis para dar. Seja o que for. Mas poderei admitir isso, quando relembro tanta actividade e tanta gente que diariamente se disponibiliza a ajudar? Verifico a dificuldade em trazer gente nova para as diferentes causas associativas. Daí o mordaz comentário de que são sempre os mesmos. Tem um pouco de verdade. Mas existirão outros, novos, disponíveis? Nem sempre é fácil, mas não é impossível. Daí a urgência em alterarmos um discurso e uma postura, que promova e reconheça o voluntariado. Que o incentive, particularmente nos mais jovens, assumindo sem pieguices a importância vital que ele tem num equilíbrio social verdadeiramente sustentado. Acredito que uma permanente disponibilidade em darmos um pouco mais de nós próprios, conciliando vontades e adicionando esforços, pode ser uma importante ajuda na superação deste momento difícil que vivemos. E na certeza de que o acto de dar é muito mais compensador que o de receber, esta atitude superior de cidadania permite-nos encarar o presente com uma positiva firmeza e o futuro com uma admirável esperança, assumindo a perene certeza de que o voluntariado não morreu.

Francisco Vieira

Director Executivo da INSIGNARE

in Jornal de Leiria, 24 de Fevereiro de 2011


domingo, 20 de fevereiro de 2011

Uma relação que nunca acaba...



Lembro-me de ser criança e ter sonhos, sonhos que agora penso serem ridículos, mas que naquela altura eram os meus sonhos, era aquilo que eu queria. Lembro-me de rir, de brincar a apanhada e de ler, lembro-me de jogar à bola e saltar à corda, de comer gelados, de ter um cão e uma família extraordinária…


É verdade, não há nada que equilibre mais e que desequilibre tanto como uma relação, porque não nos deixa espaço para adormecermos nela, no sentido de deixarmos de pensar nela. Um filho é algo semelhante a um rio que atravessa o leito dos pais e pode ser vivido como uma ponte ou como um muro. Assim sendo, todas as expressões no contexto familiar têm um valor significativo que pode influenciar todas as fragilidades e sobressaltos das relações entre pais e filhos.
A mentira…
Mentirinha dos filhos: “Não fui eu” - É o grande clássico. Não, não fui eu! Não fui eu que parti o vidro, que comecei a briga, que roubei o carrinho ao Tiago, que comi a tarte de maçã inteirinha, que devorei a tigela de mousse, que entornei o pacote de leite! Não fui eu, gritamos cada vez mais alto e com caída vez mais fúria, e batemos o pé, transtornados com a injustiça do universo, e às tantas até já nós acreditamos que não fomos nós. O problema é mesmo esse: é que só nós é que acreditamos. Como todas os pais sabem, quanto mais se proclama a nossa inocência, mais culpados parecemos. Às vezes não fomos mesmo nós, mas aí já ninguém acredita….
Mentirinha dos pais: “Quando viermos para baixo” – Ai, lembram-se? Bastava apontar com o dedito para uma montra qualquer, que a resposta era sempre a mesma: "Sim querida compro-te isso quando viermos para baixo." Claro que nunca vínhamos “para baixo”, não é? Ou vínhamos, por outro caminho… Ou a loja já estava fechada,"Olha que pena!". Ou estávamos a dormir, ou já não nos lembrávamos. A verdade é que funcionava sempre….

Pois… Nem sempre os pais são, na relação com os filhos, bem-educados. Os pais fazem asneiras, birrinhas, “amuam”, são teimosos mas…. São pais e, de uma forma mais ou menos equilibrada, vivem a culpabilidade por cada um dos seus actos, de uma forma silenciosa… (principalmente porque “pai é pai”) e os pais nunca se enganam!
Claro que as asneiras dos filhos têm muito a ver com as asneiras dos pais mas…sinceramente, os pais perfeitos são aqueles que são “suficientes maus”, ou seja, são os que têm a coragem de ser de ser como são, e essa coragem supões que toleram a culpabilidade e a dor que ela desperta.
É bom que as crianças roubem aos pais – porque não roubam “coisas”…As crianças só roubam a atenção dos pais sempre que estes não estejam disponíveis para lha dar. Quando eles, talvez reparando na sua culpabilidade, lhes dão brinquedos para suprir a ausência de um ou de ambos os pais, não compensa da atenção que lhes roubaram, mas fazem-nos sentirem-se abandonados.
É bom que as crianças desmanchem as coisas – para as arrumarem a seguir. As crianças “arrumadas”, ao contrário das crianças com a vista na ponta dos dedos, são como as casas que nunca se desarrumam: parecem desabitadas. Crescer talvez signifique arrumar algumas coisas mas também viver com as nossas pequenas desarrumações. Viver é montar e desmanchar ideias para as montar a seguir, de modo diferente, aprendendo a brincar e a pensar, daí é bom que as crianças desmontam os brinquedos para “lhes verem as tripas”.

É bom quando as crianças não dormem de noite – ter medo de adormecer é uma forma de dizer aos pais que façam melhor o papel de “anjos da guarda” do sono, porque dormir, é “poder fechar os olhos (ao colo dos pais) e deixar que eles tomem conta dos sonhos) ”. Somos pais prontos a dizer, perante a angústia dos nossos filhos, “não tenhas medo, eu estou aqui”, e poderíamos acrescentar: “ Eu estou aqui, guardo-te dos teus papões mas tenho medo dos meus e, como tu, fecho os olhos para eles e faço de conta que, não os vendo, eles não me vêem”
É…Haverá bons e maus pais. Maus por não tolerarem a desilusão de não serem perfeitos, bons por terem a coragem de assumir que são falíveis mas que brincam com os filhos, crescendo com eles e ensinando-os a pensar por si próprios.

“Entre pais e filhos não há maior abismo que o silêncio” Rosemblat

Baseado na obra de Eduardo Sá
“Más maneiras de sermos bons Pais”
Sandra Monteiro

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A Prova está à porta...


Olá!

É já no próximo mês de Abril que os nossos alunos vão dar provas dos conhecimentos adquiridos ao longo da sua formação no curso. E esse acontecimento terá lugar na defesa oral da Prova de Aptidão Profissional, perante um júri convidado para o efeito.

A Prova de Aptidão Profissional, designada abreviadamente por PAP, faz parte integrante do curso e deve possuir uma natureza de projecto transdisciplinar demonstrativo de saberes e competências profissionais adquiridos ao longo da formação e estruturante do futuro profissional do jovem.

A PAP é um projecto individual, mas poderá ser desenvolvido em equipa, desde que, em todas as suas fases e momentos de concretização, seja visível e avaliável a contribuição individual específica de cada um dos membros da equipa. O projecto realiza-se sob orientação e acompanhamento permanente do Orientador de Projecto, com a colaboração dos docentes das áreas técnicas do curso.

O projecto centra-se em temas e problemas perspectivados e desenvolvidos pelo aluno em estreita ligação com os contextos de trabalho, devendo funcionar como uma oportunidade de demonstrar aos potenciais empregadores a capacidade do aluno para um desempenho profissional rigoroso.

É por isso importante que, enquanto aluno, haja uma tomada de consciência da importância deste projecto e o empenho total na sua realização, pois apenas os melhores serão escolhidos para integrar um mercado de trabalho competitivo e exigente.

Sandra Monteiro

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Mário Lopes eleito o melhor cabeleireiro do mundo, nasceu em Ourém!


“O cabeleireiro português foi escolhido entre 500 candidatos e voltou a conquistar o galardão máximo da actividade. Mário Lopes foi eleito o melhor cabeleireiro do mundo em 2010. O cabeleireiro português viu o seu salão ser uma vez mais reconhecido com o mais elevado galardão da actividade, que já tinha ganho em 2005 A sexta edição do "Hairdressing Awards" decorreu no domingo no Carrousel du Louvre em Paris e acabou por eleger entre 500 candidatos, dos quatro cantos do mundo, Mário Lopes que já se consagrou pelos seus cortes vanguardistas e o grande domínio da técnica de coloração. A qualidade do seu trabalho de ‘haute-coiffeur' explica o sucesso e o salão que agora tem no nº 88 da Avenue Mozart, alguns números à frente da casa da primeira-dama Carla Bruni, que Mário Lopes gostava, um dia, de pentear. São várias as personalidades que param no salão eclético, o branco é a cor dominante Mário Lopes deixou Ourém aos 13 anos para se juntar ao pai em Paris. Rejeitando as alternativas de trabalho que os pais lhe avançavam optou por aprendiz de barbeiro. Em apenas um ano completou a formação de três e aos 21 anos abria o seu primeiro espaço, nos arredores de Paris. Um ano depois casou. Hoje tem duas filhas e a mais velha já segue as pisadas, ou melhor, tesouradas do pai. A formação é, aliás, um dos pontos fortes deste ‘haute-coiffeur'. Criar uma academia que lhe permita expandir a sua arte e depois implementá-la em Portugal é um projecto que tem vindo a desenvolver.”
Por Mónica Silvares
http://economico.sapo.pt/noticias/mario-lopes-eleito-o-melhor-cabeleireiro-do-mundo_110528.html

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A Austeridade


Nos últimos anos o mundo encarou uma crise que nos levou a todos a reduzir gastos, ou como se diz popularmente, a “apertar o cinto”, mas antes de mais passo a explicar em poucas palavras o que é a crise e do que ela deriva. A crise é o “senso comum” para a forma de pagar o enorme aumento da divida pública provocada pela crise financeira. Mas será que esta austeridade abordou a população da mesma forma? A resposta é simples… Não.

A receita da austeridade é-nos mostrada como inevitável e do senso comum, já em Portugal parece que as medidas de poupança foram poucas ou até nenhumas, são os combustíveis a subir irreversivelmente, o preço dos bens de primeira necessidade, a desvalorização do euro, mas o que nos mostra a real dívida dos bolsos das famílias portuguesas são os factos, chegamos ao ponto de pedir créditos ao banco para aniquilar outros anteriores, mas porque será que de ano para ano se gera tamanha instabilidade?

A cerca de dois anos o sistema financeiro mundial explodiu, a crise abriu um buraco de dois triliões de dólares no universo financeiro, ao qual os governos mais ricos o mundo gastaram, emprestaram ou financiaram entre 5 a 50% do PIB dos seus países para salvarem os bancos, e foram estes mesmos que provocaram a instabilidade.

Os bancos fizeram para ganhar ao invés de pagarem as contas, foram criando investimentos e provocando cada vez mais dívidas, de uma maneira prática, é como quando apostarmos no poker, dobramos a aposta e lucro torna-se maior (se ganharmos), mas como em todos os jogos, a probabilidade de perder é grande.

No fundo, o problema de toda a questão resume-se à divida, seja ela pública ou privada.

Então, o que todos pensamos é simples, alguém a tem que a pagar, e os bancos acabam por ser os últimos a querer fazê-lo, logo o governo tem de aumentar os impostos ou cortar nos serviços públicos, é especialmente fácil anunciar estes cortes quando se vem com um “anel de virtude” sobre o assunto… Austeridade!

De uma maneira simples passo a citar, os que plantaram a crise não foram os mesmos que a colheram, ao deixar-nos num ciclo onde aqueles que menos ganham pagam aos que ganham mais, o que nos acrescenta uma questão no título desta crítica “A Austeridade: Quem paga e quem não o faz?”

Por Vítor Mendes

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

ESTÁGIOS PROFISSIONAIS

A Escola, enquanto entidade organizadora de Estágios Profissionais - cofinanciados pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional, tem promovido a informação relativa a este programa e cooperado com empresas e ex-alunos na realização das candidaturas. Foram realizadas, nos últimos meses de 2010, candidaturas a Estágios Profissionais para diferentes funções: Técnico de Construção Civil; Animador Sóciocultural; Rececionista e Cozinheiro.


A realização de Estágios Profissionais (com duração de 9 meses) é vantajosa para candidatos, uma vez que propicia a entrada no mercado de trabalho e para as entidades empregadoras, na medida em que proporciona um período de adaptação/formação no local de trabalho do novo empregado e benefícios financeiros consideráveis (comparticipação na bolsa de estágio a pagar ao estagiário – 65%, no caso de pessoas singulares ou pessoas colectivas de direito privado com fins lucrativos, que empreguem menos de 10 trabalhadores). Podem candidatar-se a este programa pessoas singulares ou coletivas, de direito privado, com ou sem fins lucrativos e autarquias locais.


Este programa destina-se a jovens à procura do 1.º ou novo emprego, com idade até aos 35 anos, com o ensino secundário completo ou nível 3 de qualificação ou superior. Os Estagiários recebem uma bolsa de estágio (estagiários com nível 3 de qualificação - 1,60 vezes do IAS (Indexante dos Apoios Sociais) – 670,75€); subsídio de alimentação e um seguro de acidentes pessoais.


A Escola enquanto entidade organizadora de Estágios está disponível para apoiar potenciais candidatos (ex-alunos) a um Estágio Profissional e entidades empregadoras que pretendam promovê-lo.


Sofia Ferreira

Unidade de Estudos e Acompanhamento Profissional


sábado, 5 de fevereiro de 2011

Quanto custa ao Estado um aluno do ensino secundário?

“Já abordamos este assunto, ainda que superficialmente, numa crónica anterior. Mas, tendo em conta que tem sido proficuamente falado e destacado na comunicação social, é agora por demais oportuno reduzir o espectro especulativo nesta matéria e esclarecer alguns pontos. Porque há muito boa gente a falar do que não sabe, incluindo responsáveis governamentais.
É sabido que o ministério da Educação considera que um aluno de uma escola secundária pública fica mais barato ao Estado do que um aluno de um estabelecimento do ensino particular e cooperativo, e também mais barato que um aluno de uma escola profissional. Ora, fomos pesquisar vários documentos, incluindo a internet, e também perguntar a directores de escolas secundárias; porém, até agora, não conseguimos descobrir o valor gasto pelo Estado na formação de um aluno de uma escola secundária. Se alguém souber responder, agradecíamos essa informação, para podermos fazer um estudo comparativo, actualizado, entre os três subsistemas do ensino secundário.
Recordámos que, há uns 14 anos, também nós, na qualidade de porta-voz da ANESPO (Associação Nacional de Escolas Profissionais), fomos confrontados pelos responsáveis do Ministério da Educação com a seguinte declaração disparatada: “As escolas profissionais ficam muito caras ao país”. Um disparate que proliferava no Ministério de Educação, e passava para a comunicação social sem haver qualquer sustentação em contas feitas.
Então, em reunião com essas pessoas, demonstrámos que as escolas profissionais, além do excelente papel formativo, educativo e social que estavam a desempenhar, davam lucro ao Estado e ao país. Demonstração feita com base num estudo sustentado em dados e valores reais, que concluía que o Estado lucrava, na altura, 5% relativamente ao que investia, com o funcionamento das escolas profissionais, por via do financiamento realizado com os fundos da União Europeia. A seguir, solicitamos ao Ministério da Educação os dados relativos às escolas secundárias, com o compromisso de que apresentaríamos, num prazo curto, um estudo comparativo. Para desfazer dúvidas. Ora, como se diz na gíria, “ficámos à espera, sentados!”e até hoje, ainda ninguém sabe ao certo quanto custa ao Estado um aluno do ensino secundário público.
Lamentavelmente, durante estes anos a ANESPO não utilizou convenientemente esta bandeira, permitindo que o Ministério da Educação, de vez em quando, venha transmitir à opinião pública que as escolas profissionais ficam muito caras ao país, como aconteceu recentemente com o Senhor Secretário de Estado, Dr. João da Mata, para quem o ensino profissional, em expansão, deverá ser prioritário, mas garantido pela rede de escolas profissionais públicas. O que nos leva a deduzir que a tendência será para ir acabando com as escolas profissionais, pioneiras neste tipo de ensino e formação desde 1989, quando o país se ressentia ainda da extinção das escolas comerciais e industriais.
Entretanto, o modelo das escolas profissionais passou a ser adoptado (porque lhe é reconhecida qualidade), desde há alguns anos, pelas escolas secundárias. O que é contraditório. Contudo, se é esta a política que o Governo quer seguir, então haja coragem para “matar” de vez as escolas profissionais, sem as “torturar” através do estrangulamento financeiro, destinando-lhes uma “morte lenta”.
Ora, Senhora Ministra da Educação, senhor Secretário de Estado e opinião pública em geral: daqui a alguns anos, falaremos sobre os resultados desta política indiciadora do estrangulamento das escolas profissionais e, por arrastamento, também dos estabelecimentos de ensino particular e cooperativo com contrato de associação. Porque já forma feitas experiências similares à que está a ser desenvolvida e não deram os resultados esperados.
Mas, se preferem que sejam as escolas secundárias a garantir toda a oferta de cursos profissionais, deixo-vos um desafio e, simultaneamente, uma sugestão: existindo em Braga cinco escolas secundárias, cada uma delas com dupla oferta de cursos – via ensino e cursos profissionais - , porque não transformar duas ou três destas escolas em escolas profissionais publicas, dotando-as exactamente das mesmas condições financeiras e com as mesmas exigências com que são confrontadas as escolas profissionais, e ficando as restantes apenas com a oferta para os jovens dos cursos via ensino? Talvez (quase de certeza) fosse bem melhor para todos: alunos, professores, directores, demais agentes educativos, tecido empresarial, estabelecimentos de ensino superior, enfim, o país.
Mas, para isso, é preciso coragem e visão de futuro. Se o caminho for este, evita-se a aplicação daquele conhecido ditado: “quem te manda a ti, sapateiro, tocar rabecão?”.
Seja como for e retomando a questão central desta conversa, temos que, tratando-se de uma escola secundária pública, não se sabe quanto custa ao Estado português e aos contribuintes a formação de um aluno do ensino secundário; mas se tratar de uma escola profissional, não custa nada e até proporciona lucro, como já foi atrás referido. Perguntam vocês: como é isso possível?
Ora bem: sem vos querer maçar muito com números, bastará a informação de que, sendo as escolas profissionais financiadas em 70% pelos fundos comunitários e 30% pelo Orçamento do Estado, os fundos comunitários proporcionam aquilo a que se chama o efeito de alavanca fiscal. Ou seja, de uma forma simples, significa que a carga fiscal ou impostos e contribuições e contribuições do Estado (IVA, IRS, IRC, Segurança Social, Caixa Geral de Aposentações, ADSE, Imposto de Selo e outros) que incidem sobre aqueles 70% geram uma receita estimada em cerca de 40%. E assim, como o Estado só contribui com 30% de que também recebe fiscalmente uma parte, temos, como resultado, que o lucro para o país rondará os 14%.
E esta hem!? Já tinha feito estas contas? Mas, mesmo que não gerassem directamente lucro económico, as escolas profissionais em geral, através dos seus excelentes e dedicados colaboradores, docentes e não docentes, como acontece na EPB- Escola Profissional de Braga, têm prestado aos jovens, às empresas e ao país um serviço inestimável em prol da modernização e do desenvolvimento, garantindo aos jovens taxas de empregabilidade ímpares. Valor que não se quantifica na simples aritmética dos euros…
Pensem bem nisto e depois digam alguma coisa.”

Por: Paulo Sousa
Director Geral da Escola Profissional de Braga
Correio do Minho
18 de Janeiro de 2011-02-03