quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Sessão Técnica com Catarina Nolasco


No passado dia 29 de Outubro realizou-se, na Escola de Hotelaria de Fátima, a Sessão Técnica “Novas realidades e novas competências pessoais e profissionais que uma profissão na área da Hospitalidade actualmente acarreta”, direccionada às turmas dos Cursos Profissionais de Recepção e de Turismo e ao Curso EFA - B3 - Empregado(a) de Andares, dinamizada por Catarina Nolasco, Chefe de Recepção e Assistente do Director do Hotel Vincci Baixa, em Lisboa e promovida pelo Centro de Formação Contínua. Num ambiente de descontracção abordou questões vitais do seu percurso profissional como alavanca para uma carreira de sucesso, dando o seu próprio exemplo.
Com apenas 27 anos, oriunda do meio rural e considerando-se não citadina, é licenciada em Turismo pela Universidade do Algarve e iniciou a sua carreira profissional como recepcionista de 2ª.
À medida que referenciava o seu percurso profissional, sobretudo em Espanha, foi transmitindo que a ambição é importante, mas é necessário muito trabalho e sobretudo reconhecer oportunidades, riscos e a importância da aprendizagem ao longo da vida.
Diversas foram as situações em que sentiu a necessidade de “abandonar tudo” e investir em algo diferente, algo com que se identificasse mais, que lhe desse mais prazer, pelo que por várias vezes tomou a iniciativa de sair do local de trabalho, dando como exemplo a sua curta estada no Hotel Vincci em Tenerife, onde aprendeu muito mas não se adaptou às pessoas e aos costumes da ilha.
Passou pela Iberostar – Hotels & Resorts, no sul de Espanha e pela Quinta do Lago; ao fim de 3 anos de trabalho, após a Universidade, decidiu voltar aos estudos, nomeadamente desenvolver o seu alemão, indo para a Alemanha. Era neste país que estava quando em Julho de 2008 foi convidada para ser Chefe de Recepção no Hotel Vincci Baixa, o primeiro da cadeia hoteleira Vincci em Portugal, devido à vasta experiência em Espanha, e como conhecedora do modelo de gestão dos Hotéis Vincci.
É uma cadeia espanhola de hotéis de 4 e 5 estrelas, representando um serviço de luxo e exigente, com presença em Espanha, Portugal, Tunísia e E.U.A., pelo que trabalhar nos seus Hotéis, designadamente como Assistente do Director de Hotel, é extremamente rigoroso - é necessário ver diariamente quais as tarefas a executar, a taxa de ocupação e quais as reclamações dos clientes, de forma a melhorar o serviço e de puder analisar os objectivos diários e mensais. É com base nesse trabalho que é possível vender o serviço do Hotel na Internet actualizando diariamente preços e disponibilidades.
Sendo a área da Hospitalidade um serviço com características próprias, que não fecha nem pára, é crucial que cada profissional reconheça que cada cliente é um cliente, e que num serviço de 4 ou de 5 estrelas os clientes são ainda mais exigentes. Por isso, é fundamental o espírito de equipa para que o cliente se possa sentir bem, “ninguém trabalha sozinho, se o trabalho da Governanta de Andares não ficar bem feito ou se o trabalho do Recepcionista não for bem feito, então o meu trabalho também não será bem feito”, acrescentou Catarina Nolasco.
Numa área em que se trabalha muito e onde os horários são complicados de conciliar com a vida familiar, é extremamente importante valorizar outros aspectos, como é o caso da possibilidade de levar ou ir buscar os filhos à escola, quando se tem horário das 15:00 às 23:00 ou das 07:00 às 15:00, respectivamente. Neste ramo é necessário a adaptação às especificidades do trabalho, bem como em qualquer outra área, porque as “coisas estão a mudar, já não há trabalhos de 2ª a 6ª feira das 09:00 às 18:00”, realçou.
Questionada sobre a polivalência, Catarina referiu que assume um papel importante no conhecimento genérico de todas as características de um serviço, permitindo uma melhor concretização das tarefas, sobretudo na resolução de futuros problemas. Exemplificou com uma situação de emergência onde soube identificar o problema com o tratamento de água da piscina de um Hotel, simplesmente pelo facto de anteriormente ter trabalhado na área da manutenção de piscinas. No entanto, considera que a polivalência não pode ser encarada como uma constante, pois cada pessoa tem uma função específica para a qual está motivada e na qual canaliza todo o seu empenho.
Muitas outras questões foram colocadas, nomeadamente sobre fardas, posturas, situações complexas de resolver, tendo partilhado com o público presente uma situação caricata com um cliente. Num determinado dia, quando um cliente chegou ao Hotel, queixando-se do voo da TAP, teve de despender algum do seu tempo para ser uma boa ouvinte, uma vez que, naquele momento, o cliente apenas pretendia alguém que ouvisse os seus “desabafos”. Após alguns minutos, e por se ter sentido que foi bem recebido, o cliente reservou 5 noites extra. Para além de oportunidade de negócio, este tipo de situações pode ainda representar o reconhecimento do desempenho de um profissional, uma vez que alguns clientes até chegam a enviar e-mails a agradecer a atenção prestada.
Relativamente à carreira profissional evidenciou que querer mudar não chega, é necessário fazer por isso, como foi o exemplo de um questionário que realizou com os seus colaboradores no qual alguém respondeu que ambicionava ganhar mais; no entanto, um ano depois, nada fez e nada de novo aprendeu para que isso acontecesse.
Neste sentido, é fundamental conhecer a realidade do mercado de trabalho, suas condicionantes e adaptarmo-nos às novas exigências, aspectos que Catarina Nolasco desde cedo soube reconhecer e que por esse motivo recentemente apostou ao frequentar e concluir um Executive Master em Gestão Hoteleira.
Por esta oportunidade de partilha de saber fazer e de saber estar a INSIGNARE agradece à excelente profissional que se deslocou à EHF.

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